terça-feira, 18 de novembro de 2014

Urucum
Urucuzeiro, Urucury, Urucu-uva, Rucú, Arnota, Anata, Bixa orellana Linneo, Família das bixineas
 
História Natural. Árvore de dez a vinte pés de altura que se observa na maior parte das províncias centrais e do norte do Brasil. Tronco direito, ramos aproximados formando uma cimeira redonda e copas de ramos recentes pubescentes; folhas ovais, oblongas, lanceoladas, acuminadas, cordiformes ou por vezes redondas na base, com três ou cinco nervuras até o meio de cor verde clara e glabra pelas duas faces; folhas nascentes  cobertas de uma  penugem de cor amarela ou arruivada, que se desvanece bem depressa; pecíolo delgado, cilíndrico, de cor púrpura roxa, assim como as nervuras e as veias; estípulas lanceoladas, ovais, assoveladas no cume e membranosas; panículas de sete a quinze flores; pedúnculo comum, rijo, pulverulento na época da florescência, assim como os pedúnculos e pedicelos; pedúnculos rijos, pouco numerosos, curtos de duas a quatro flores; os inferiores alternos; os terminais ordinariamente em umbela e subfastigiados; pedicelos mais curtos que o cálice, espessos, algumas vezes em breve cacho corimbiforme, ordinariamente em pequena cimeira; flores largas de uma polegada; sépalas obovais ou orbiculares, estriados, pulverulentos e avermelhados; pétalas obtusas, obliquamente obovais, mais curtos que o cálice, de cor rósea ou púrpura; estames mais curtos que a corola, quase longos como o pistilo, não persistentes; ovário guarnecido de sedas brancas mais curtas que o estilo; fruta ou cápsula cordiforme, oval, pontuda, um pouco comprimida nas duas faces, denegrida, coberta de sedas curtas, assoveladas, da mesma cor que o pericarpo; válvulas compridas de uma  polegada, largas pela base cimbitiformes, pouco divergentes; semente de duas linhas de comprido, tegmento exterior; polpa de cor de azinhavre, fuminhos e nervuras da placenta preta (Spach, Histoire Naturelle des Végétaux Phanérogames, t.6, p.118). 
Análise Química. O Urucum contém um pouco de matéria colorante, matéria resinosa amarela (Oxellina), matéria extrativa de cor amarela-vermelha, mucilagem, extrato, goma, fibra lenhosa, um ácido próprio (John, Annales de Chimie, t.88).
 Propriedades. Em medicina, o Urucum tem sua fama, entra como agente afrodisíaco nos pós da Índia chamados Wakaka, descritos no formulário magistral de Cadet de Gassicourt do seguinte modo: Cacau em pós, uma onça; açúcar, quatro onças; açúcar de baunilha, seis oitavas; canela, uma oitava; urucum seco, uma oitava. Faça S.A. em pós. Nicolson assevera que a polpa da fruta é fresca e mesmo adstringente. As sementes, diz Martius, que algumas vezes recebe o nome de semente uanacu ou unacu e se vendem no mercado, são recomendadas por alguns médicos como adstringente cardíaco, para moléstias do coração e para casos de hemorragias. O cozimento das raízes ainda vale melhor para preencher a indicação de suspender as hemorragias. A mistura do Urucum com azeite de rícino preserva, pela sua aplicação sobre a pele, dos insultos de mosquitos e borrachudos. A polpa vermelha é de uso vulgar na cozinha brasileira para dar uma cor  de açafrão às iguarias e aos adubos, pois ela se reputa aromática e tônica. A madeira é resinosa e pelo atrito ela facilmente se inflama e faz fogo. Nas artes da tinturaria, o Urucum tem grande extração, pois a tinta amarela de cor de ouro que fornece é a mais bela e brilhante de todas as cores pelo seu lustro. Infelizmente, ela se desvanece ou altera em pouco tempo. Serve para tingir as sedas e os tecidos de lã, para os vernizes, os óleos, as gorduras e para dar cor à manteiga, à cera e aos queijos ingleses. Sabe-se que os índios costumam tingir o corpo com Urucum para preservá-lo do contato nocivo dos insetos. Prepara-se o Urucum tirando o primeiro tegmento da fruta; as sementes, depois de apanhadas e despegada a película, são separadas e piladas. O pilão deve ser do tamanho adequado ao trabalho e de madeira rija. O macerador recebe a semente ao sair do pilão, dilui-se em água onde fica até ser espremido. Envolve-se a massa peneirada e limpa em folhas de bananeira, e ela fica assim até experimentar um princípio de fermentação. Então pisa-se de novo, leva-se uma outra vez a macerar e depois torna-se a secar. Os que repetem quatro ou cinco vezes a operação do maceradoiro procuram aumentar o peso da massa do Urucum Fazem o mesmo que outros no comércio, entretento a moleza e amassando o Urucu com porção de urinas. As sementes secas são preferidas pelos compradores do que a massa. Verdade é que elas fornecem uma matéria colorante superior, porém sofrem pelo contato da luz, perdem a vivacidade da cor e tornam-se pretas pela umidade. Faz-se a cultura do Urucuzeiro de sementes e estacas, sendo as primeiras preferíveis. Quando a planta chega à altura de dez polegadas, está boa para ser transplantada. A plantação deve ser o mais bem alinhada possível. As lagartas não atacam o Urucuzeiro. As chuvas e a umidade lhe são favoráveis. O seu maior inimigo é o grande calor. O Urucuzeiro exige cuidado e limpeza mormente nos dois primeiros anos. Os preceitos da cultura acham-se bem expostos na Memória sobre a Plantação e o Fabrico do Urucum, publicada no primeiro número do Patriota, janeiro de 1813.
 
 
 
 
                                          Referência
 

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